Um clássico, na acepção da palavra. Fluminense e Botafogo fizeram neste domingo uma partida para ficar durante muito tempo na memória dos torcedores. O Alvinegro venceu por 3 a 2 o Tricolor, no Engenhão, pela sexta rodada da Taça Guanabara, em um jogo marcado por duas viradas de placar, bolas na trave, decisões polêmicas da arbitragem e até uma cavadinha frustrada de Loco Abreu.
Com o resultado, o Botafogo chegou à liderança do Grupo B, com 16 pontos e em boa condição para evitar um duelo com o Flamengo na semifinal da Taça Guanabara, podendo enfrentar Nova Iguaçu, Resende ou Boavista. Já o Tricolor, que soma 15 pontos, precisa vencer seu próximo compromisso e torcer por um tropeço do Alvinegro na última rodada para reconquistar a primeira colocação da chave.
O Fluminense volta ao Engenhão na próxima quarta-feira para enfrentar o Argentinos Juniors, em sua estreia na Libertadores-2011. Em seguida, enfrenta o Madureira, domingo, mesmo dia em que o Botafogo recebe o Macaé, pela rodada final da fase de classificação da Taça Guanabara.
Três gols e polêmicas
A partida começou com as duas equipes investindo muito na marcação individual. No Botafogo, Loco Abreu e Herrera eram acompanhados de perto, enquanto os tricolores Conca, Fred e Rafael Moura eram perseguidos por seus adversários. Sem articulação dos dois lados, o jogo poderia ser decidido nas jogadas de bola parada. E apenas aos 23 minutos o primeiro lance de real perigo aconteceu.
Foi um jogador menos badalado o primeiro a brilhar na noite. Renato Cajá cobrou falta pelo lado esquerdo e acertou o ângulo direito de Diego Cavalieri, abrindo o placar para o Botafogo. Logo em seguida, o camisa 10 alvinegro, em uma noite muito inspirada, acertou uma outra bomba, que explodiu no travessão tricolor. A partir deste momento, o jogo ganhou outra cara, com as duas equipes buscando mais o ataque, embora o nível técnico não fosse dos melhores.
Aos 30 minutos, o Fluminense chegou ao empate levando vantagem sobre aquela que é uma das virtudes do Botafogo: a bola aérea. Após cobrança de escanteio, o estreante Rafael Moura apareceu no primeiro pau para escorar de cabeça, fazer 1 a 1 e comemorar ao estilo He-Man. O Tricolor retomou as ações ofensivas e foi em busca da virada.
Mas na ânsia de chegar à frente no placar, o Fluminense deu espaços em sua defesa e viu sua situação complicar aos 41 minutos, quando Valencia recebeu o segundo cartão amarelo ao cometer falta em Herrera. O lance gerou uma confusão entre os dois principais artilheiros do Carioca. Revoltado com a reclamação de Loco Abreu, que pressionou o árbitro Gutemberg de Paula Fonseca para que ele expulsasse o volante tricolor, Fred foi tirar satisfações com o uruguaio.
Apesar de o Botafogo ter a vantagem no número de jogadores, foi o Fluminense quem ficou à frente no placar, aos 44 minutos, em nova falha de marcação do Alvinegro. Souza cobrou falta na área, e Fred tentou desviar. Jefferson não segurou, e Rafael Moura completou, marcando pela segunda vez no clássico. Tudo isso logo depois de Renato Cajá acertar outra bola no travessão de Diego Cavalieri. Jogada na qual, para muitos, a bola quicou dentro do gol (no vídeo acima). O assistente extra, em cima do lance, não apontou gol.
Quando ainda buscava se reorganizar para alcançar o empate, o Botafogo viu seu capitão ser expulso de campo. Marcelo Mattos recebeu o vermelho de forma direta aos 46, após falta dura em Conca. O primeiro tempo terminou com os jogadores com os nervos à flor da pele, numa troca de reclamações.
Cavadinhas e virada alvinegra
Mas estava enganado quem achou que o estoque de emoção havia se esgotado no primeiro tempo. Logo no início da segunda etapa, o Botafogo teve uma grande oportunidade de empatar a partida quando o árbitro marcou pênalti de Rafael Moura em Loco Abreu. O uruguaio foi para a cobrança usando a sua marca registrada: a cavadinha. Mas Diego Cavalieri ficou parado no meio do gol e fez a defesa como se fosse um recuo de bola (no vídeo ao lado).
Este lance representou um raro momento em clássicos, pois todo o Engenhão gritou o nome de Loco Abreu. Os tricolores, de maneira irônica, e os alvinegros, como uma forma de apoiar o ídolo. Mas a angústia do camisa 13 durou pouco tempo, pois logo em seguida houve um novo pênalti a favor do Botafogo, quando Gutemberg viu um empurrão de Edinho em Bruno. Lance que gerou muita reclamação dos tricolores. Herrera chegou a pegar a bola para fazer a cobrança, mas Abreu convenceu o companheiro de ataque e bateu. Ele novamente fez a cavadinha, mas desta vez do lado esquerdo do goleiro tricolor: 2 a 2 aos 11 minutos.
Para tentar recuperar a vantagem, o Fluminense foi para cima, mas cometeu um erro que acabou sendo fatal. Numa bola perdida em seu campo ofensivo, o Tricolor deu espaço para que o Alvinegro puxasse um contra-ataque. Renato Cajá, talvez na melhor atuação com a camisa do Bota, avançou e fez um lançamento milimétrico para Herrera, que apareceu no meio da zaga adversária e chutou para virar o placar aos 18 minutos. Diego Cavalieri ainda tocou na bola, mas não conseguiu evitar o gol.
Com a vantagem nas mãos, o Botafogo se fechou e passou a apostar nos contra-ataques. A equipe de Joel Santana foi muito pressionada, mas teve no goleiro Jefferson, com pelo menos três grandes defesas, a garantia da vitória. Um dos personagens do clássico, o atrapalhado Gutemberg de Paula Fonseca encerrou a partida um minuto e meio antes dos 48 prometidos.
Diego Cavalieri, Mariano, Gum, Leandro Euzébio (André Luis) e Carlinhos; Edinho, Valencia, Souza (Araújo) e Conca; Rafael Moura (Fernando Bob) e Fred. | Jefferson, João Filipe (Arévalo), Antônio Carlos e Márcio Rosário; Alessandro, Marcelo Mattos, Bruno, Renato Cajá (Everton) e Márcio Azevedo (Somália); Herrera e Loco Abreu. |
Técnico: Muricy Ramalho. | Técnico: Joel Santana. |
Gols: Renato Cajá, aos 23, Rafael Moura, aos 30 e aos 44 minutos do primeiro tempo; Loco Abreu, aos 11, Herrera, aos 18 minutos do segundo tempo. | |
Cartões amarelos: Gum, Valencia, Rafael Moura, Edinho, Souza, Diego Cavalieri, Fred (Fluminense); Loco Abreu, Alessandro, Herrera, Márcio Azevedo (Botafogo). Cartões vermelhos: Valencia e Marcelo Mattos. | |
Estádio: Engenhão, no Rio de Janeiro (RJ). Data: 06/02/2011. Árbitro:Gutemberg de Paula Fonseca. Auxiliares: Wagner de Almeida Santos e Jackson Lourenço Massarra dos Santos. Público: 13.912 pagantes (16.759 presentes). Renda: R$ 389.735,00 |
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