Presidente se despede do cargo em entrevista de uma hora no CT, mostra descontração e agradece a Paulo Nobre depois de atacá-lo em várias respostas
Raul Seixas, Chico Buarque, controle da taxa de natalidade, Alan Kardec, frases em italiano e francês. Mesmo divagando demais às vezes, o presidente Mário Gobbi mostrou postura bem firme e clara em entrevista coletiva na noite desta sexta-feira, um dia antes de deixar o cargo no Corinthians - os sócios do clube escolhem novo mandatário neste sábado.
Indignado com a decisão de Palmeiras x Corinthians ser disputado com torcida única, Gobbi recebeu a boa notícia depois de quase uma hora de entrevista e duros ataques a Paulo Nobre, presidente do Verdão: a Federação Paulista liberou ingressos para a torcida visitante. – Quero agradecer à Federação Paulista, ao presidente Paulo Nobre, e vamos ter isto apenas como um equívoco resolvido. Que seja um baita clássico! – bradou Gobbi. Antes do alívio com a decisão final, houve tempo para cantar músicas, tentar explicar a origem da violência no Brasil e lançar bravatas. Muitas. O principal sentimento do presidente, porém, foi a decepção com o colega do Palmeiras. Para Gobbi, a amizade com Paulo Nobre estava terminada.
– Se não houver a liberação dos ingressos, vou me sentir traído. Tinha em Paulo Nobre um grande amigo, um dirigente leal. Tive na minha mão Alan Kardec, mas não o contratei em respeito a ele, que também me consultou antes de acertar com Dudu e Leandro (Pereira, atacante). Afirmo que Paulo Nobre articulou essa decisão da torcida única. Ele vai negar, claro – desabafou o presidente.
Gobbi parecia muito mais leve do que em seus três anos de mandato. Primeiro, desabafou, criticou Federação Paulista, Palmeiras e até o São Paulo, que nada tinha a ver com a história e foi chamado de “Vila Sônia”. Sobrou também para o promotor Paulo Castilho, um dos defensores da torcida única.
– Ele disse que o Corinthians é refém da Gaviões da Fiel. Refém é ele, não nós. Por que ele não fecha as organizadas? – indagou. O presidente continuou com críticas a Paulo Nobre, a quem tinha apreço, mas citou uma amizade ainda mais próxima com o ex-presidente do Palmeiras, Arnaldo Tirone.
– Com o Tirone, o Corinthians tinha uma relação fantástica. O tobogã era do Palmeiras, nunca tivemos um problema com ingresso. Ao contrário da Vila Sônia. Antes do clássico, o Tirone já ligava, eu ligava. Nunca teve essa de aprontar. Nobre quer que o Corinthians x Palmeiras vire um Corinthians x São Paulo – desabafou.
Depois, questionado sobre a violência nos estádios, deu abertura ao seu lado sociólogo. Disse que há menos pessoas de “berço” do que antigamente e que deveria haver um controle da taxa de natalidade no Brasil. Quando divagava sobre o assunto, lançou uma singela canção: – Atirei o pau no ga-to-to, mas o ga-to-to, não mor-reu-reu-reu.
A “pontinha” como cantor também teve Raul Seixas e Chico Buarque. Gobbi deixou claro que as músicas faziam seu dia a dia um pouco mais ameno na presidência do Corinthians. Ao deixar a mesa da entrevista coletiva, um soco no ar e os braços no alto denunciavam: ele quer logo passar o cargo para seu sucessor e sumir da rotina do clube por algum tempo. A uma semana do feriado mais festivo do país, começou a cantar: – Tô me guardando pra quando o carnaval chegar...
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