sábado, 30 de novembro de 2013
Em reforma após título, Jayme afirma: 'Não vejo a carreira fechada só no Fla'
'Mestre de obras' no tri da Copa do Brasil, ele não decidiu se fica: 'Não vejo que eu precise ter essa ligação intensa, que eu não possa sair e trabalhar em outros lugares'
Há dois meses, Jayme de Almeida e a esposa Cláudia decidiram reformar o apartamento deles, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio. O trabalho dos pedreiros agitou a rotina da casa. O barulho e o incômodo diários coincidem com a maior reforma na carreira do ex-zagueiro e ex-auxiliar. No mesmo período, Jayme virou técnico do Flamengo. Como mestre de obras rubro-negro, saiu-se muito bem. Livrou o time da ameaça de rebaixamento do Brasileirão e conquistou na última quarta-feira o tricampeonato da Copa do Brasil com a vitória por 2 a 0 sobre o Atlético-PR, no Maracanã. Título que não representa a permanência no cargo. Apesar de dirigentes do clube manifestarem publicamente a vontade de mantê-lo, o treinador respeita a própria faixa zebrada, como aquelas em amarelo e preto que demarcam áreas de risco.
- Eu trabalhei no Flamengo três, quatro vezes, e trabalhei em outros clubes. Não vejo a carreira fechada só no Flamengo. É meu clube do coração, mas não vejo que eu precise ter essa ligação intensa, que eu não possa sair e trabalhar em outros lugares. Já trabalhei em outros lugares e fui feliz em outros lugares. No dia seguinte ao tricampeonato, Jayme recebeu a reportagem do GLOBOESPORTE.COM em seu condomínio. De camisa de malha, bermuda estampada e tênis esportivo, exibia leveza no visual e sorriso constante. Na conversa, interrompida algumas vezes para que ele tirasse fotos com fãs, deixou claro que não pensa mais em voltar a ser auxiliar. Aos 60 anos e agora campeão nacional, entrou num caminho sem volta.
- Eu acho que quando você é auxiliar, função em que você não tem que tomar as decisões, fica mais fácil. Nos primeiros dois, três jogos, é a adaptação (como técnico). Voltar (a treinar uma equipe). Mas agora não. Já estou adaptado, à vontade mesmo no trabalho. Depois desse título, lógico que o foco é ser técnico profissional.
Mesmo sem ter definido a permanência como técnico do Flamengo, Jayme pensa em 2014. O planejamento para a próxima temporada, que agora terá a Libertadores, foi iniciado há pouco mais de um mês, mas será reformulado com a vaga na competição sul-americana. - O ano de 2014 está chegando, temos que acelerar esse processo, independentemente de quem seja o comandante. Mas o processo tem que ser acelerado, janeiro está aí e temos de trabalhar sabendo que a Libertadores é uma competição muito mais forte, de muito mais peso para a equipe. Jayme se vê na história do clube, mas tem receios. Vira e mexe os casos de Carlinhos e Andrade, interinos que assumiram e foram campeões pelo Flamengo, mas nunca se firmaram, o fazem pensar sobre a continuidade. Jayme está em reforma, assim como seu apartamento.
Abaixo, a íntegra da entrevista: GLOBOESPORTE.COM: você comentou quando chegamos que seu apartamento está em reforma. O técnico Jayme de Almeida também está em obras depois de assumir o Flamengo e ser campeão? Está num processo de renovação? Jayme de Almeida: Eu acho que quando você é auxiliar, função em que você que não tem que tomar as decisões, fica mais fácil. Nos primeiros dois, três jogos (como técnico), é a adaptação. Voltar (a ser treinador).
Mas agora não. Já estou adaptado, à vontade mesmo no trabalho. E eu acho que o Flamengo foi muito feliz nesse campeonato, foi um trabalho bonito de todos. Então eu acho que esse prêmio foi o ponto final muito bonito. É meio repetitivo, mas foi muito bonito, muito justo. O que nós fizemos, o que os meninos fizeram, e principalmente, não querendo falar mal de ninguém, mas pela falta de respeito com os jogadores do Flamengo.
A grande maioria foi chamada de mulambo, que era uma droga, que era horroroso, que ia cair. Então a gente fez um trabalho, e eles fizeram um trabalho fantástico nesse clima muito ruim. Fico feliz por eles, pelo nosso trabalho, pelo Flamengo principalmente. E a gente termina o ano tirando um peso bem grande das costas e conseguimos dar uma alegria muito grande para a torcida.
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